Fagocitose

16 02 2012

Beatriz Rezende alerta: a formação de guetos pode ser tremendamente prejudicial à literatura.

Funciona mais ou menos como na música do Saia Rodada, eu te puxo e tu me lambeEu te elogio e você me dá uma força. É uma coisa meio estranha, ou esquisita, mas a realidade entre os artistas do texto está cada vez mais assim: ação entre amigos.

Diz o ditado popular que quem tem padrinho não morre pagão. A pergunta é até onde isso vale, até onde vai isso.

Pode parecer estranho pacas, mas a formação de guetos tem muito por trás a velha máxima de efetivar a arte de produzir efeito sem causa. São várias as indagações, como, por exemplo, até que ponto autores estão, por detrás da confecção de seus textos, querendo colo e afago?

Até que ponto a preocupação é com o elogio e tapete vermelho? Estranho? Pode até ser um exagero de minha parte, mas a quantidade grande de autores muitas vezes esconde ou camufla certas questões que deveriam ser mais artísticas, ou pelo menos mais técnicas.

Id est, se a banda continuar nessa toada, começaremos a reparar que tem muito espertalhão que por conta de um excelente marketing pessoal, aparece nos cenários dito artísticos e culturais como escritor, mas uma abordagem mais precisa, aquela boa e velha hora de espremer o texto do sujeito, e não vai sobrar muito para contar a história.

Ou seja, é compreensível a preocupação de Beatriz Rezende: os guetos são forma de proteção, ora do ego, ora da pessoa pública do escritor, de uma observação mais técnica, precisa e detalhada do que foi escrito, de fato. Caberia, assim, a boa e velha máxima de que o nome valeria mais do que a obra.

Independente do que seja, muito do que se fala da falência do discurso literário meio que se deve ao excesso: de textos, de autores, edições e por aí vai…

Mas o excesso não deveria ser considerado algo ruim. Sempre é bom textos à vontade. Só que no meio dessa imensidão talvez haja uma preocupação grande com o tapete vermelho e o tecido verbal fica para segundo plano.

Fica, assim, a dúvida sobre essa tal falência. De repente, ela não existe. O que existe, talvez, seja uma quantidade de gente preparada para tal, de ambos os lado da mesa.


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